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Lupi pede demissão e é sétimo ministro a deixar governo

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BRASÍLIA (Reuters) - Carlos Lupi pediu demissão do cargo de ministro do Trabalho neste domingo, em meio a diversas denúncias de irregularidades na pasta e contra ele.

A decisão foi acertada após reunião com a presidente Dilma Rousseff, disse um outro ministro à Reuters.

Esse ministro, que pediu para não ter seu nome revelado, afirmou que Dilma ainda não escolheu um substituto para Lupi e que, por ora, será adotada uma solução transitória.

O secretário-executivo do ministério, Paulo Roberto Santos Pinto, responderá pela pasta interinamente, informou a assessoria da Presidência da República em nota divulgada na noite de domingo.

É possível que Dilma só escolha um substituto definitivo na reforma ministerial prevista para o começo do próximo ano.

Lupi é o sétimo ministro a deixar o governo Dilma, o sexto diante de denúncias de irregularidades publicadas pela imprensa. Ele foi um dos integrantes do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que foram mantidos por Dilma em seus cargos.

A situação política de Lupi se deteriorou na quarta-feira, após a Comissão de Ética Pública (CEP), órgão consultivo ligado à Presidência da República, ter recomendado à Dilma a exoneração do ministro.

Em nota, Lupi se disse vítima de "perseguição política e pessoal da mídia" e afirmou ter sido condenado "sumariamente" pelo parecer da CEP.

"Faço isto para que o ódio das forças mais reacionárias e conservadoras deste país contra o Trabalhismo não contagie outros setores do governo," disse o comunicado, publicado no site do ministério na Internet.

Lupi era alvo de denúncias de acumular cargos públicos na esfera federal e municipal. Esse problema foi que mais pesou na decisão dele de deixar o cargo, de acordo com o ministro que falou com a Reuters.

Dilma havia decidido mantê-lo no cargo na quinta-feira, mesmo com a publicação desta denúncia e com a decisão da CEP, que julgou ter havido desvio de ética dele nos casos de irregularidades de convênios e cobrança de propina no Ministério do Trabalho, divulgados pela imprensa.

O relatório da conselheira Marília Muricy Machado Pinto disse que o ministro "tem inquestionáveis e graves falhas como gestor" e é irresponsável "em seus pronunciamentos públicos."

Em nota, Dilma agradeceu a "colaboração, o empenho e a dedicação" de Lupi à frente da pasta.

"(A presidente) tem certeza de que ele continuará dando sua contribuição ao país," disse o comunicado.

A presidente vinha resistindo a demitir Lupi para não perder mais margem de manobra na reforma ministerial esperada para o início de 2012.

O Ministério do Trabalho havia sido alvo de denúncias de um suposto esquema de cobrança de propina de organizações não-governamentais (ONGs) conveniadas com a pasta, num esquema que serviria para abastecer o caixa do PDT de Lupi.

O ministro também foi acusado de ter pegado "carona" em avião providenciado por um empresário e dirigente de ONG, que meses depois assinou convênios com o ministério. Ele também foi acusado de ter sido funcionário fantasma da Câmara por quase seis anos.

Desde junho, sete ministros deixaram o governo Dilma, seis deles em meio a denúncias de irregularidades - Antonio Palocci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Orlando Silva (Esporte) e, agora, Lupi.

Outros ministros devem deixar o governo no começo do ano que vem, quando a presidente deve fazer sua primeira reforma ministerial do seu governo, que deverá ser menos ampla justamente pelas substituições ocorridas ao longo do ano.

Por Jeferson Ribeiro/ Reuters Brasil