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Dilma diz que corrupção na Petrobras deveria ter sido apurada ainda nos anos 90

Presidente afirmou que irregularidades poderiam ter sido estancadas antes. Petista também defendeu que investigações não devem interferir em obras.

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A presidente Dilma Rousseff afirmou nesta sexta-feira (20), no Palácio do Planalto, que se os atos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados já na década de 1990, durante o governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o esquema criminoso que atuou na estatal nos últimos anos não teria se propagado.

Sem citar nomes, a chefe do Executivo se referiu ao depoimento do executivo da Toyo Setal Augusto Mendonça à Justiça Federal do Paraná. Um dos delatores da Operação Lava Jato, Mendonça relatou em juízo que o "clube" de empreiteiras que dividia entre si obras da estatal passou a combinar resultados de licitações desde meados da década de 1990, quando o país era governado por FHC.

Mendonça, no entanto, contou à Justiça que o cartel passou a ter efetividade a partir de 2004, segundo ano do governo Luis Inácio Lula da Silva (2003-2010). De acordo com o executivo da Toyo Setal, foi neste momento que as construtoras passaram a negociar com os ex-diretores da estatal Paulo Roberto Costa e Renato Duque – ambos investigados pela Lava Jato – e começou a ocorrer cobrança de propina para que as empresas obtivessem contratos.

Em nota enviada ao G1, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que evitou se manifestar desde o início das investigações de corrupção na Petrobras mas que, após a "campanha de propaganda defensiva" da presidente Dilma, ele foi "forçado a reagir".

Segundo FHC, Dilma deveria "fazer um exame de consciência" e admitir que "foi descuidada ao não recusar a compra da refinaria de Pasadena" (veja a íntegra da nota ao final desta reportagem).

"A Excelentíssima Presidente da Republica deveria ter mais cuidado e, em vez tentar encobrir suas responsabilidades jogando-as em mim, que nada tenho a ver com o caso, fazer um exame de consciência", diz a nota.

"Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor."", conclui o ex-presidente.

Na ocasião em que Mendonça deu a declaração ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, o Instituto FHC afirmou, por meio de nota, que, conforme o próprio depoimento, o cartel só passou a ser efetivo em 2004, ano em que o país já era governado por Luis Inácio Lula da Silva.

G1