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NÃO AO PATRIARCALISMO

POR GEORGE MÁGNO/COLUNA CONTRA O MÉTODO

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Uma pesquisa básica ao Google, dessas realizadas na atualidade, as quais logo nos tornam doutores em qualquer assunto e permitem opinarmos sobre qualquer matéria que esteja em voga, evidencia que, nas sociedades mais primitivas, as primeiras divindades eram todas figuras femininas. Nessas sociedades, há fortes indícios de que as mesmas eram matriarcais.
A Igreja Cristã também tivera uma heroína de verdade, embora aquela sempre a tenha colocado como vilã da estória. Um estudo, agora, mais apurado sobre Totem aponta, inicialmente, essa força feminina desde os primórdios da humanidade devido ao medo. Com efeito, a mulher era vista como fonte de poder e teria se empoderado desde então.
Na Idade Média, essa foi queimada sem pudor pela Inquisição, pagando então pelo empoderamento ali conquistado historicamente. Observa-se, a partir dali, um processo de diminuição do poder feminino e, consequentemente, aumento do patriarcalismo, que hoje se apresenta na grande maioria dos países ditos civilizados.
Episódios como a pena aplicada ao cantor Vitor Chaves e sua resposta a isso, bem como a forma como grande parte do público feminino das redes sociais reagiu alavancando a campanha "sou mãe, mas não estou acabada" contribuem, de forma significativa, para a manutenção do status quo em relação ao patriarcalismo que impera em nosso país.
Dessa maneira, não é postando imagem em rede social afirmando que, embora seja mãe não esteja acabada, que iremos ajudar a mudar a situação vivida a partir de um patriarcalismo sedimentado em nossa sociedade. Mesmo porque as mulheres das classes menos favorecidas não têm acessos aos produtos e meio de manutenção da beleza aparente, sendo tal situação desfrutada tão somente pelas patroas, ou/e aquelas que se enxergam nessa posição.
E aqui não adianta levantar a bandeira feminina sem que haja o resgate da consciência de classe e suas implicações, sob pena de que a visão recortada não nos permita vislumbrar caminhos favoráveis no combate ao patriarcalismo.
O judiciário também contribui com a sedimentação da mentalidade patriarcal ao estancar uma mínima reação obtida com a edição da Lei Maria da Penha quando aplica uma pena ínfima diante do contexto apresentado de violência contra a mulher. Nesse caso, mister salientar que o Direito, enquanto Ciência e Experiência jurídica é precipuamente axiológico, ou seja, não é uma questão apenas se aplicar uma norma ao fato, mas, antes de tudo, saber qual valor protegido.
No que tange ao outro sujeito partícipe de nossa narrativa, o cantor homem idolatrado por várias mulheres, sem atentar para tal fato, ou/e alienado pelo meio machista que foi inserido debocha daquelas e da Justiça. Talvez porque seja preferível se comportar dessa maneira a combater o patriarcalismo estrutural em nosso meio. Recortes mais recentes evidenciam, sobremaneira, a forma intrínseca da existência do patriarcalismo em nosso País. No show da vida “real”, mais conhecido como bigbrother, as mulheres a todo instante são ofendidas sem que o ofensor, a emissora, e, pasmem, muitas mulheres sintam vergonha em ofender ou reconhecer alguma ofensa nas ações ocorridas no referido programa. O Presidente da República e seus tentáculos vez ou outra dão suas contribuições ao modelo patriarcal com ofensas às mulheres, tal como a que ocorreu contra a jornalista da Folha de São Paulo.
Diante do quadro acima apresentado, o afloramento da discussão das questões de gênero, o qual aparece como contraponto ao modelo patriarcal e suas consequências (feminicídio, agressão às mulheres, dentre outras), deve permear nosso consciente/inconsciente como uma luta diária e constante, sem olvidar, dentro do seu contexto, a luta de classes no intuito de que, quando a espiral histórica permitir, recoloquemos a mulher no papel de protagonismo que sempre ocupou.