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Maio é o mês das 'Marchas da Maconha'. Em Piripiri, será dia 26, com caravanas de várias cidades

Com o tema ´Maconha medicinal – a informação cura!`, evento vai receber caravanas de Barras, Pedro II, Parnaíba, Tianguá e Teresina

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Nota enviada pela organização do ato:

As marchas da maconha que ocorrerão novamente em dezenas de cidades brasileiras em sua maioria durante o mês de maio vão mais uma vez dar visibilidade ao enorme número de usuários e simpatizantes que reivindicam seus direitos. Diferente do que muitos que não se aprofundam em leituras sobre o tema pensam, o evento não faz apologia ao uso da planta Cannabis Sativa. O objetivo da marcha não é estimular o consumo de droga, mas expor uma proposta de legalização de forma pacífica em um evento social assegurado na constituição brasileira como livre manifestação de pensamento.

A Marcha da Maconha é um movimento social em defesa da legalização e regulamentação da produção, circulação, comércio e uso da maconha no Brasil. Em mais de 20 países no mundo seu uso é normal. No Brasil conseguiu-se criar um estigma sobre a planta e seus usuários. Tudo isso aconteceu devido ao processo histórico de supremacia e segregação racial aos negros. Não é a toa que hoje os mesmos correspondem à maioria dos encarcerados.

A maconha, identificada com as populações negras e suas práticas culturais, foi estigmatizada como uma planta perigosa, viciante e causadora de doenças.

Ao longo do século XX, se construiu uma representação ilusória sobre essa planta, usada amplamente há séculos como um medicamento de múltiplas utilidades, a mesma converteu-se cada vez mais um emblema das condições da marginalidade social.

A droga dos escravos se tornou uma marca identitária de populações pobres, faveladas e discriminadas. O encarceramento em massa cresceu cada vez mais se constituindo num mecanismo de segregação social e no pretexto para uma coerção e vigilância acentuadas sobre as camadas mais discriminadas socialmente. Trazida por escravos angolanos, onde a erva era utilizada amplamente, conhecida como Djamba, os negros foram remetidos à condição de “traficantes”, sendo possível observar, que a população negra e jovem até os dias atuais é a mais atingida no que se refere à violência perpetrada pela “guerra as drogas”.
A luta armada contra o tráfico não tem sido vitoriosa. A guerra às drogas fracassou. Como o poder do tráfico vem dessa ilegalidade, é preciso colocar na mesa a legalização como opção a descriminalização. Tratando como se trata o cigarro, cuja venda à menores e a publicidade são proibidas e havendo o pagamento de imposto. Esse mecanismo é utilizado na maioria dos países de primeiro mundo e o Brasil precisa seguir esse modelo. O estado é parceiro do tráfico ao criminalizar a maconha, porque é a criminalização que dá poder aos criminosos. Os danos da proibição estão muito próximos de toda a sociedade, usuários ou não. O debate maduro também precisa estar. Devido a isto Piripiri entra num rol de cidades mundiais que pedem a legalização da planta.
A Marcha enquanto movimento social aparece no Brasil desde o início dos anos 2000, mas é apenas em 2007 que ocorre o primeiro evento oficial promovido nos moldes em que o movimento se constitui hoje. Inspirados pela Million Marijuana March, os organizadores do Growroom, primeiro e maior fórum nacional de cultivo de maconha, emplacaram em 2007 a primeira edição da Marcha da Maconha, no formato que ela possui hoje, com a realização de uma passeata pacífica pela orla da zona sul do Rio de Janeiro.

Tão logo fora realizado o primeiro evento oficial da Marcha da Maconha surge a primeira oposição ao movimento: o então prior do apostolado da Opus Christi, João Carlos Costa, informou o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro sobre a passeata alegando que o movimento realizaria apologia ao consumo de drogas em locais públicos e próximos a aglomerações de crianças.

A partir de 2008, os rumos da breve história da Marcha da Maconha mudariam radicalmente. De um lado, a atuação de juízes e promotores de diferentes Estados do país destinou-se a silenciar o movimento e coibir a realização das passeatas de maio da Marcha. De outro lado, os participantes do movimento engajaram-se na luta pela possibilidade de gritar, questionar, discutir, pondo à prova uma prerrogativa essencial de um Estado Democrático: a liberdade de expressão.

Em junho de 2011, o STF decidiu por liberar as "marchas da maconha". O relator do caso, o ministro Celso de Mello, disse em seu voto que a Constituição "assegura a todos o direito de livremente externar suas posições, ainda que em franca oposição à vontade de grupos majoritários". Esse fato, a “saída do armário” de milhares de maconheiros e simpatizantes representa um movimento social de massas que cresceu nos últimos anos. De 2011 até hoje muita coisa mudou.

O uso medicinal foi reconhecido como algo não só legítimo, mas indispensável. Além do aprofundamento das pesquisas científicas, do aumento das formas de utilização medicinal, permanece em questão o direito dos cidadãos adultos poderem escolher livremente as formas de ingestão de substâncias psicoativas como uma prerrogativa central da sua autonomia e autodeterminação. Não cabe ao Estado controlar uma conduta individual quando esta não afeta a vida de terceiros, como é o caso do uso da maconha. Ou seja, um indivíduo que cause danos a si mesmo não poderia, por este motivo, sequer ser julgado.

Mas, além dos próprios interessados diretos, essa emancipação é do interesse de toda a sociedade, atingida pelos efeitos nefastos da proibição, como a violência do crime e da polícia, a corrupção, a renda clandestina, a lavagem de dinheiro ilícito, a ausência de fiscalização e controles de qualidade do Estado sobre os produtos. A sociedade precisa de paz e de cura para os agravos existentes e já comprovados com o uso da planta.

O coletivo Marcha da Maconha de Piripiri acredita que boa parte da cidade nunca leu nada a respeito dos benefícios da maconha e desde já acredita numa repercussão negativa pela grande maioria que em vez de aprofundar-se sobre o tema prefere se basear no senso comum, típico de quem assiste programas policiais do horário de meio dia. A maioria das pessoas erradamente colocam na mesma régua o usuário e o traficante. O debate sobre a descriminalização de pequenas quantidades de entorpecentes está sendo feito no Recurso Extraordinário 635.659 no Supremo Tribunal Federal, que tem repercussão geral reconhecida. Até o momento foram proferidos três votos (favoráveis ao uso legal da planta) nesse caso — suspenso por pedido de vista do ministro Teori Zavascki (morto em janeiro deste ano e no momento em poder do ministro Alexandre de Moraes) — todos pela inconstitucionalidade do artigo 28 da lei de drogas (Lei 11.343/2006), que criminaliza o porte de drogas para consumo pessoal. É uma questão de tempo a legalização. Num futuro não tão distante acreditamos que todos estarão revendo seus (pre)conceitos quando mais pesquisas comprovarão os benefícios medicinais da planta e que por possuírem alguma doença tratável com a mesma, a busca pela cura (à beira da morte todo mundo revê seus conceitos) os farão refletir no atraso mental devido à manipulação da mídia financiada pela indústria farmacêutica que não tem interesse na difusão do potencial da planta, pois terão concorrência do cultivo caseiro com suas prateleiras.

O coletivo orienta aos participantes que durante a marcha não é permitido o consumo, porte e comércio de substâncias ilícitas. O momento é apenas para suscitar a reflexão na sociedade.
Vamos debater Piripiri? A proibição mata. A maconha não!

Coletivo Marcha da Maconha Piripiri