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Piripiriense publica artigo na revista Valor Econômico sobre 'luz no fim do túnel' da engenharia brasileira

Aécio Freitas Lira, ex- diretor da FEUFMG, é irmão do empresário Edwaldo Lira e Átila Lira

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A 'luz no fim do túnel' da engenharia brasileira Por Aécio Freitas Lira

Em 2018 o ensino de engenharia no Brasil poderá ser alvo de uma bem-vinda mudança: a implantação de um sistema de avaliações seriadas do ensino de engenharia nas modalidades presencial, semipresencial e EAD, e em âmbito nacional. Batizada como Anaseng (Avaliação Nacional Seriada do Ensino de Engenharia), o sistema alcançará os estudantes de engenharia do primeiro, terceiro e quinto anos dos cursos, por meio de instrumentos e métodos que
considerem os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos estudantes, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de engenharias.

Implantado, o sistema Anaseng configurar-se-ia como importante passo na estratégica caminhada de recuperação do ensino da engenharia no país, cuja má qualidade é notória e bem documentada, ainda que pouco divulgada.

O Brasil possui hoje 950 mil alunos em 4.500 cursos de engenharia. Segundo o último Enade (2014), 81% desses
cursos foram classificados com notas 1, 2 e 3 numa escala de 5. Nada menos que 50% obtiveram notas 1 e 2, ou seja,
foram classificados como ruins ou péssimos pelos critérios do MEC. E os dados "camuflam" a realidade: apenas 40% dos cursos de engenharia puderam ser avaliados. Isso porque 60% deles são de faculdades novas, nascidas na esteira do Fies, sem histórico de qualidade e que ainda não formaram turmas. Ou seja, podemos estar convivendo com uma "calamidade silenciosa".

Novo sistema avaliará os conhecimentos, as habilidades e as atitudes dos estudantes de engenharia no país

E a situação pode piorar consideravelmente! O MEC já autorizou a abertura de mais de 250 mil vagas/ano de engenharia pelo sistema EAD, isso é, à distância. Feitas as contas, tudo isso significa que poderemos ter um dos maiores sistemas de ensino de engenharia do mundo, e provavelmente, um dos piores.

Falamos de um volume gigantesco de cursos cujos professores têm pouca experiência profissional, com currículos desprovidos de atividades criativas e inovadoras, infraestrutura insuficiente e laboratórios precários. O resultado é um sistema de ensino operando em circunstâncias muito aquém do ideal. A conclusão é dolorosa: estamos formando engenheiros sem a qualificação demandada por um mercado cada vez mais competitivo e exigente.

http://www.valor.com.br/imprimir/noticia/4817524/opiniao/4817524/luz-no-fim-do-tunel-da-engenharia-brasileira