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COLUNA CONTRA O MÉTODO: 'Sobre qual crise falamos'

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Destaque da coluna CONTRA O MÉTODO por George Mágno:

Recentemente duas grandes datas festivas ocuparam a rotina dos brasileiros, quais sejam as festas de fim de ano e o carnaval. Não por coincidência nesse mesmo intervalo de tempo a mídia apregoa de forma massacrante uma crise no país de dimensões nunca vista antes.

Entretanto, o que se observou nesse período foram bares e churrascarias com preços em seus cardápios que chegam, em alguns casos, a três vezes o valor cobrado fora dessa temporada.
Outro fator evidenciado pelas reportagens de TV, portais, e outros meios de comunicação fora a grande frota de carros, os quais se deslocavam nos caminhos das praias do litoral. E olha que os carros eram bem longe de serem veículos velhos.

Logo a indagação veio a esse espírito sempre inquieto sobre qual crise a mídia falava. Não que nosso país esteja num verdadeiro paraíso. Todavia, a treva outrora anunciada tem menos congruência com atual momento financeiro. Esta crise, obedecendo a espiral histórica, tem seus tempos de glória e ostracismo.

Não vou aqui enumerar uma série de conquistas do povo brasileiro nesses últimos anos sob pena de os terroristas midiáticos ou simpatizantes do modo alienado de ser me atacarem com seus discursos de bolso, ou suas falas, produto de uma maneira de conceber o Brasil ultrapassada e arcaica, que tenta se revigorar diante da imensa crise axiológica que agora se apresenta de forma virulenta.

Não precisamos dessa discussão, haja vista essa fala ter outro interesse. Só em um ponto concordo com a mídia “branca”, qual seja que estamos mergulhados numa crise, mas em uma crise profunda de valores e de conhecimento. Esta não é cíclica e não obedece as elipses históricas. Vem, na verdade, destruindo todo um conjunto axiológico que levou centenas de anos para ser solidificado no nosso meio social.

Com a chegada do século XXI e as inovações tecnológicas e científicas a promessa do progresso civilizacional infinito vendido desde os primórdios da Revolução Industrial solapou valores tradicionais antes compartilhados.

Na idade planetária do ferro somos frutos de uma barbárie mais forte e revigorada. Guerras de etnias sem começo meio e fim, manipulação genética, dois terços da população mundial no limiar da fome, degradação ambientam irreparável que compromete GAIA só para citar algumas mazelas trazidas com o ideal de progresso
ilimitado.

A falta de esperança num futuro que nos foi prometido, mas que não se realizou nos tornou reféns de discursos oportunistas de sujeitos, os quais, para o bem da sociedade, poderiam ficar ocultos. Esses falsos paladinos com suas indignações seletivas estão no nosso convívio sob a outorga de pessoas de boa índole.
Todos esses personagens, agora reinventados, não são nenhuma novidade no cenário da vida. Não foram lembrados por atitudes nobres, mas com algum esforço podem estar ilustrando as anedotas há muito cantado pelo amigo Kiko Silva.

Somos hoje um aglomerado de sentimentos dispersos sem algo nobre a nos guiar. Dentro do imenso vazio de valores e conhecimento que compõem nossa existência o discurso do ódio se torna mais fácil de reproduzir nos dando um êxtase que acalma nossa incompetência como ser humano.

Em tempos da tão cantada crise financeira o que mais me dói, mas o que mais me dói é que escolhemos errados nossos super-heróis!